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História do Tecido na Decoração

Por: Emerson
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Os romanos dormiam em lençóis de linho. Na arena, os espectadores abrigavam-se à sombra de imensas cortinas, igualmente de linho. As pinturas de Pompéia revelam que a mobília se compunha de assentos com almofadas e colchas de camas. Quanto aos mosaicos de Ravena, mostram um palácio onde as portas são fechadas com cortinas. Na Idade Média, a decoração ainda possuía características de uma vida nômade. O nome "móvel" já descrevia a dificuldade de mudar de lugar. A mobília seguia o senhor em suas viagens e era tudo o que havia de mais rudimentar : baús, camas desmontáveis e cavaletes. No chão, colchões eram jogados. Quem estava preocupado com tecidos? Além do mais, apesar de serem facilmente transportáveis, os tecidos poderiam apresentar certa fragilidade. As tapeçarias e tapetes poderiam ser dobrados facilmente e havia necessidade de esquentar-se os cômodos gelados dos castelos. As tapeçarias fechavam as entradas, as janelas e também as aberturas das paredes. Era o nico meio de proteger-se contra as correntes de ar.

Os cruzados trouxeram de suas expedições o luxo oriental e assim existindo fausto, senhores e príncipes, refugiavam-se nos tecidos. O leito ricamente guarnecido era o lugar mais importante do castelo, afinal recebiam-se visitas no quarto. Este leito estufava-se sob o seu céu, entre grossas cortinas. Segundo a etiqueta da época, o correto era colocar-se em nível mais elevado que o restante da assistência. A cama elevava-se com ajuda de um estrado. Do teto, desciam largas tapeçarias (o baldaquino); a cadeira sobre a qual sentava-se o hóspede, coroava-se de conforto; o tamborete onde ele repousava seus pés, era feito do mesmo rico tecido. Era o ponto culminante da decoração. Quanto às mesas, não mereciam ainda ser mostradas, elas desapareciam sobre pesados tapetes da Turquia ou Pérsia, lisos ou ornados com bordados. Estes tapetes testemunhavam a riqueza de seus proprietários. Quando o tapete foi colocado sobre o solo, significou o início de uma vida sedentária. Chegando-se a Renascença, no século XV, o tecido passou a ser utilizado de maneira permanente e seu papel era mais preciso: as paredes revestiam-se de tapeçarias fixas, elas não flutuavam mais: de utilitárias passam a ser decorativas. A mobília nesta época ganhava formas mais sofisticadas. Para guarnecer assentos, buscavam-se os tecidos mais luxuosos. O leito era ricamente "encouraçado" com cortinas. De outro lado, o comércio desenvolvia-se entre o Ocidente e o Oriente Médio. Mais tarde, estendia-se às Índias. Graças a Marco Pólo, os "doges" de Veneza foram os primeiros a receber estas riquezas estranhas chegadas em costas de camelo, muito além da China. A Itália soube tirar proveito. Logo, o leque de tecidos disponíveis na Europa cresceu largamente. Adamascados, veludos e brocados: a demanda foi grande para estes tecidos suntuosos. No fim do século XVII, a quantidade de tecidos confeccionados era considerável. Todos consumiam tecidos: a seda pura, nas casas dos senhores, a misturada, para os interiores mais modestos. Sem falar nos tecidos que acabavam de chegar das Índias; linho com quadrados de Madras, algodão estampado de Mazulipatam, percal de Pondichery . O tecido da mobília dependia muitas vezes dos caprichos da moda. Já a favorita de Luis XIV, trocava quatro vezes por ano de mobília, diziam os jornais da época. Este hábito foi seguido não somente pela corte, mas também nas casas dos burgueses das cidades e nos castelos. Como a noção de conjunto estava definitivamente adotada, cadeiras, estofados, leitos, paredes, biombos e cortinas - simétricos e aos pares - eram todos guarnecidos com o mesmo tecido. Em seguida, segundo as estações do ano, trocava-se o veludo de lã do inverno pelo tafetá no verão.

Os assentos eram quadrados com revestimento removível. Quanto mais a noção de conforto instalava-se, mais o tecido tinha um papel funcional.

No século XVIII, o sofá teve seu apogeu graças à variação de novas formas de assentos e vinha juntar-se às bergéres, cabriolets e as marquesas, criados para proporcionar um maior relaxamento, largamente acolchoados por uma considerável quantidade de almofadas. Eram colocados ao longo da parede e dispostos conforme as conversões. A sala de jantar não existia, colocava-se a mesa onde se estivesse. Foi quando surgiu o interesse pelos biombos, que davam um pouco mais de intimidade ao ambiente. Enfim, foi indiretamente com Maria Antonieta, então princesa, que o criador do enxoval determinava qual seria o destino de cada tecido, iniciando-se aí a distinção entre os tecidos de vestuário e confecção. Sobre as paredes do salão, o tecido cedeu lugar aos lambris, às madeiras pintadas, mas, o tapeceiro recuperou-se na saleta ou no quarto. As tapeçarias de parede combinavam com as cortinas. Em telas de algodão (estampadas em Jouy, por exemplo) ou em seda, tafetá, pekin, siamesa ... (eram os nomes dos tecidos da época). Porém, esta avalanche de materiais acaba com o tempo, dando lugar ao algodão grosso. A atividade comercial e industrial da França, concentrava-se sobre a guerra e não sobre bugigangas. Foi preciso aguardar o final do Primeiro Império, para com uma nova hierarquia social, o tecido retomar sua importância.

As indústrias de seda podiam alegrar-se das pretensões e da xenofobia de Napoleão, porque se o Imperador, por medida econômica, baniu o emprego de franjas e de "pingentes" (acessórios julgados inúteis), por outro lado, encomendava para seus palácios: o brocado, o damasco ... "É como entrar num cômodo antes que o tapeceiro tivesse terminado o trabalho", nota da época sobre a grotesca mania burguesa de revestir as pernas das cadeiras, estufar janelas com cortinas pesadas, colocar véus sobre as camas. No meio do século XIX, a indústria bateu seu recorde, e com a diminuição dos preços de revenda, é a apoteose do gosto burguês. Jamais o papel do tapeceiro (que começa a chamar-se decorador) teve tanta importância como no segundo Império. Cobriu-se a mobília. Lareiras, rampas de escada, espelhos, pianos e cavaletes, veste-se tudo. Como respirar? Nenhum período conheceu esta superabundância de assentos: o conforto da namoradeira, o confidente com três lugares, o sofá para fumar, o puff que ocupava o meio da sala. A época tinha horror ao vazio. Os tecidos eram pesados (veludos grossos e gorgurão) e os coloridos eram cansativos. A corte não dava mais o tom. A criação tornou-se inexistente. Tinha-se nostalgia do passado. O que se encontrava nas casas dos ricos financistas do século XIX? Uma doce mistura da Renascença e de século XVIII, que chamou-se estilo Rothschild. A originalidade e as idéias pareciam esgotadas. Até que surgem com o movimento ART NOUVEAU OU "MODERN STYLE", em 1895. Podemos citar também o ART DECO, que deu grande impulso principalmente ao papel de parede com desenhos de linhas mais retas, geométricas e com cores fortes; surgiu no período entre guerras (1918-39), coexistiu com a "Era da máquina" e como consequência a BAUHAUS, escola de arte na Alemanha, de onde surgiram os grandes arquitetos e designers da era moderna (LE CORBUSIER, F. L. WRIGT, MIERS VAM DER HOE, etc ).

Com a grande industrialização do pós-guerra, todos começaram a ter acesso ao tecido para decoração. Hoje em dia não se pensa numa sala sem se imaginar ao menos um móvel estofado.

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